A Professora da Alma, a Saudade

A Professora da Alma, a Saudade

Era um carnaval em um retiro espiritual com pessoas muito especiais e lindas. Uma das pessoas veio de fora para o Brasil, uma menina americana.

Falávamos sobre palavras em português e um Mestre muito querido falou sobre a palavra SAUDADE que só existe no português como nome próprio, não como adjetivo ou pronome, ou verbo.

Em todas as outras línguas, a palavra SAUDADE não é bem definida.

Em inglês se diz, “To miss“. Um verbo. Uma ação.

Em japonês, há algo próximo que seria a frase “Anata ga inaito sabishii desu” (Eu estou sozinho sem você).

SAUDADE no português é um sentimento único e muito importante e por isto merece ser um nome próprio e não um adjetivo, um verbo que define um período de tempo. Precisa ser a parte mais importante de uma frase.

Tentávamos explicar a importância desta palavra.

Em outras línguas, tentam definir, dizem que é um nome, que seria “nostalgia“.

Em francês, é “Nostalgie“. Só que nostalgia dá a sensação de perda e tristeza, melancolia.

Em espanhol também se define como “Nostalgia“.

No entanto, nostalgia é mais ligada a uma época, a período de tempo, como nostalgia dos anos 50, é uma idealização de uma época do passado.

A saudade é mais ligada a pessoas e a um momento específico do passado com as pessoas pelas quais se sente amor e afeto.

Nem sempre a saudade é melancólica. Como Luiz Gonzaga definiu em “Qui Nem Jiló“, existe uma saudade melancólica e nostálgica que traz certa amargura por ter mágoa e perda. Parece que a pessoa precisa ainda rever o momento, talvez por ainda ter algo a resolver.

Ele fala de outro tipo de saudade que seria uma relação que já se resolveu, a lição já foi aprendida e a pessoa compreende que já está numa situação boa e que aquela experiência foi um aprendizado feliz e agora neste momento presente a pessoa está mais feliz.

Passamos um tempo pensando nisto, como explicar a importância da saudade?

Então participamos de uma sessão espiritual e ao ver os depoimentos e o choro de saudade de alguns, após reflexão a resposta chegou.

Estamos neste mundo para aprendermos. Aprendemos tudo através de nossa memória. Podemos aprender a fazer contas, a usar a ciência, através de nossa memória lógica e racional.

Mas como seria tudo frio se fosse apenas isto, se fosse para aprendermos apenas a ciência.

A alma aprende através de uma memória diferente. A memória emocional. Emoções ruins e emoções boas. Aprendemos a evitar certas coisas ou a entender pelo erro através do sofrimento.

Mas a saudade… A saudade é diferente.

SAUDADE é a memória que guardamos dos momentos felizes que vivemos com amor por outras pessoas, é quando aprendemos a amar outras pessoas. É assim que a alma aprende a lição mais importante da vida que é como amar o próximo, através dos momentos felizes que compartilhamos com os outros. Por isto é uma palavra tão importante.

Cada lágrima de saudade é como um diamante de luz do espírito, uma pedrinha de brilhante. Por isto uma das músicas mais lindas de Vila Lobos, “Nesta Rua” (“Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar, com pedrinhas com pedrinhas de brilhante para o meu para o meu amor passar…”) desperta tanto amor no coração.

É como se nos momentos felizes deixássemos rastros de pedrinhas de brilhante, como no filme Avatar em que de noite ao pisar no chão ele brilhasse com as memórias de amor.

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

— Ah! Eu vou chorar.

— A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse…

— Quis, disse a raposa.

— Mas tu vais chorar! disse o principezinho.

— Vou, disse a raposa.

— Então, não sais lucrando nada!

— Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.

Depois ela acrescentou:

— Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.

Foi o principezinho rever as rosas:

— Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela á agora única no mundo.

E as rosas estavam desapontadas.

— Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:

— Adeus, disse ele…

— Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

— O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

— Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.

— Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

— Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa…

— Eu sou responsável pela minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se lembrar”

Assim é o sentimento tão sublime e tão lindo que traz a união aos homens.

Amor e Luz.


Planeta Azul Índigo: A Professora da Alma, a Saudade
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